Torsdag 25. juni mottok vi rystende nyheter fra delstaten Mato Grosso do Sul, Brasil. En ”retomada”, jord som urfolk selv tar tilbake i form okkupasjon, ble angrepet av det som urfolkskommisjonen CIMI karakteriserer som paramilitære.
Som solidaritetsbrigade i delstaten i løpet av våren 2015 ble vi tatt i mot i fire urfolksområder i delstaten, tre av dem er ”retomadas”. Vi har vært vitne til og blitt kjent med urfolksgruppen Guarani-Kaiowás harde kamp for å få anerkjent sine historiske jord-områder. Sammenlignet med storgodseiernes jord er det urfolk okkuperer og krever forsvinnende lite. Jordfordelingen er absurd og profitten til agrobusiness blir prioritert framfor demarkering av urfolksområder.
Det var ”fazendeiros”, de som kontrollerer de store jord-godsene, som onsdag 24. juni angrep samfunnet Kurusu Ambá. De hadde mandag 22. juni etablert sin ”retomada” inne på godset Madama. Guarani-Kaiowá har lenge kjempet for å få anerkjent sine historiske områder, og her snakker vi ikke om områder de hadde for lang tid tilbake. Utkastelsen av urfolk fra sine samfunn i delstaten har vært planlagt og særs brutal siden 1930-tallet fram til i dag. Guarani-kaiowá er en av de største urfolksgruppene i Brasil, samtidig som de blir usynliggjort av en politikk som prioriterer jord for et eksportretta jordbruk eller kvegdrift.
Demarkering, altså definisjonen og anerkjennelsen av urfolksområder i Brasil, har stoppa helt opp, noe som har ført til at blant annet Guarani-kaiowá har blitt tvunget til å selv markere sine områder gjennom ”retomadas”. Dette er en farlig strategi fordi delstaten Mato Grosso do Sul, da spesielt noen områder, er dominert av godseiere som selv definerer lov og rett.
Eksempelet fra denne onsdagen er et brutalt bevis på dette. Video-opptakene fra angrepet viser et 30-talls biler og godseiere som feier politiet av. Guarani-Kaiowá forsvarer seg med bil og buer mens en av bilene forsøker å meie de ned. I bakgrunnen kan man se røyken stige opp fra leiren som er satt fyr på. Foreløpig er to unge gutter på 10 og 11 år savna, og det er mulig et spebarn ble brent inne. Det er komplisert å få bekreftet informasjon da selv urfolkskommisjonen CIMI og det statlige FUNAI signaliserer at det er for usikkert å dra til området.
Vi har et ansvar for brutaliteten og behandlingen av Guarani-Kaiowá i Brasil og urfolk i Brasil generelt. Norge er storimportør av soya fra Brasil og slik er vi med på å opprettholde profitten i det eksportretta jordbruket i Brasil.
– Smaker melka deres blod? Spurte en urfolksleder fra en annen ”retomada” i delstaten da vi var der på besøk i april. For blod er konsekvensene av at vi belager oss på importert soya for å produsere ”nyt Norge” – produkter.
Om du vil lese mer om Guarani – Kaiowá kan du se her:
Les også solidaritetsbrigaden siste reisebrev.
På portugisisk:
Preocupante ataque aos Guarani e Kaiowá!
Condenamos fortemente o ataque aos nossos companheiros e companheiras Guarani e Kaiowá no estado do Mato Grosso do Sul, Brasil. Expressamos nossa profunda preocupação e solidariedade com a legítima luta dos povos indígenas neste estado e em todo o Brasil.
Foi nesta quinta-feira, 25 de junho, que recebemos as notícias preocupantes do estado MS, no Brasil. A “retomada” chamada Kurusu Amabá, terra que os indígenas ocuparam sob forma de acampamentos visando pressionar o poder público quanto à demarcação de terras, foi atacada por aquilo que o Conselho Indígena Missionário, CIMI, caracteriza como paramilitares.
Como brigada de solidariedade da organização LAG Noruega, fomos recebidos em quatro áreas indígenas no estado do MS durante o primeiro semestre do 2015. Três dessas áreas são “retomadas”. Somo testemunhas e temos conhecido a dura luta dos Guarani e Kaiowá para demarcar suas terras tradicionais. Se comparadas as propriedades latifundiárias às áreas indígenas demarcadas, esta distribuição de terra é absurdamente desigual e o lucro do agronegócio é prioridade frente à demarcação de terras indígenas.
Segunda-feira, dia 22 de junho, esta “retomada” foi feita dentro da fazenda Madama, onde foram atacados por fazendeiros no dia 24 de junho. Os Guarani e Kaiowá tem lutado por anos para ter sua terra demarcada. Estamos falando de um processo de despejo violento dos Guarani e Kaiowá, dos anos 30 até os dias de hoje, enquanto a ocupação por fazendeiros deste território é algo recente. Os Guarani e Kaiowá são um dos maiores grupos indígenas do Brasil, embora sejam marginalizados por uma politica que prioriza a produção agrícola para a criação e exportação de gado.
A demarcação de terras indígenas no Brasil é um processo demasiadamente lento. Isso tem sido a razão pela qual grupos indígenas retomam com sua própria força a terra que lhes pertence historicamente, como o processo de autodemarcação realizado pelos índios Munduruku na bacia do Tapajós, na Amazônia. Porém, isto é uma estratégia arriscada para os povos indígenas, mas infelizmente é a politica do estado e da bancada ruralista que os leva à isso.
No Mato Grosso do Sul existem regiões onde são os fazendeiros que determinam qual a presença do estado e como se aplica a lei. O exemplo dessa semana no estado do MS é uma prova da realidade brutal. Os vídeos do ataque mostram como vários carros dos fazendeiros chegam e atacam à tiros os cerca de 60 indígenas do acampamento. Tentam atropelar os indígenas enquanto este tentam se defender com arcos e flechas. No fundo pode-se ver fumaça no acampamento Kurusu Ambá que foi incendiado. Há uma grave preocupação por dois ou três desaparecidos e possivelmente uma criança morta. No momento é difícil confirmar a informação e há uma preocupação por mais ataques.
A responsabilidade pela forma brutal como são tratados os Guarani e Kaiowá e todos os indígenas do Brasil também é nossa. A Noruega importa grandes quantidades de soja do Brasil (85 %) e dessa forma mantemos o lucro do agronegócio.
“O leite de vocês tem gosto de sangue? “ perguntou um líder Kaiowá quando nós visitamos uma retomada em abril. Porque sangue e vida são perdidos como consequência da nossa produção nacional de leite, frango o peixe conhecida pelo slogan “disfruta Noruega”.
Pela luta dos Guarani e Kaiowá – nem um minuto em silencio! Solidariedade e um grito pela justiça e terra!
MARICHIWEU!!!